Informação não é transformação: Entenda Como Treinamentos Corporativos podem, de verdade, Transformar Sua Operação
- Ana Carolina Boratino Vairo
- 4 de jun.
- 3 min de leitura
Aprender é transformar. Toda aprendizagem genuína provoca mudança. No dia a dia das empresas, ainda é comum vermos treinamentos que se limitam a despejar conteúdo. Slides, vídeos, apostilas. Mas... depois disso, o que muda?
A primeira reflexão é: informação não é transformação
O verdadeiro aprendizado vai muito além da informação. Ele só acontece quando transforma o sujeito — quando afeta, reorganiza, provoca, reposiciona. Em minha experiência desenhando estratégias de aprendizagem para empresas, percebo que os treinamentos mais eficazes não são, necessariamente, os que trazem mais conteúdo, mas sim, aqueles que provocam movimentos internos reais nos colaboradores.
“A inteligência é aquilo que permite a adaptação às situações novas.” — Jean Piaget
Em outras palavras: A inteligência é aquilo que você usa, quando não sabe o que fazer. Esse fenômeno tem a ver com o conceito de equilibração de Jean Piaget. Longe de mim adentrar em um campo muito conceitual, a ideia funciona assim: primeiro, assimilamos o novo conhecimento às estruturas que já possuímos. Quando isso não acontece, entramos em desequilíbrio e somos obrigamos a reorganiza nossa forma de pensar para incorporar o novo de maneira coerente.
Isso, apesar de ser um conceito muito atrelado à formação infantil, esse processo é extremamente valioso para educação corporativa e de adultos.
Por que importa para o treinamento corporativo
Quando provocamos o colaborador a refletir sobre uma prática obsoleta, um hábito automatizado ou uma crença cristalizada, geramos o que Piaget chamou de “desequilíbrio necessário”.
E eu tenho certeza que você já viu isso acontecer na prática: é só anunciar um novo treinamento que vem aquele revirar de olhos ou a clássica frase — “a gente já tem tanta coisa pra fazer... e agora inventaram mais um curso?”
Apesar de parecer contraditório, é a partir desse desconforto inicial, que surge a real oportunidade de transformação. Mas, para isso... é necessário que o treinamento realmente faça com que o colaborador perceba, em si mesmo, essa transformação acontecer.
Se o treinamento for mais do mesmo, essa ideia de "mais uma obrigação desnecessária", só será reforçada.
Nesse sentido, um treinamento altamente eficaz, não é aquele que simplesmente ensina algo novo, mas sim, aquele que "obriga" o colaborador a sair do lugar e a entrar em um movimento de evolução.
Na prática, vejo isso acontecer quando um conteúdo não apenas informa, mas questiona certezas e estimula a ação. E é nesse ciclo que o aprendizado deixa de ser decorativo e passa a ser transformador.
Meu papel como estrategista e de todo o nosso time de conteúdo, aqui na Escol.AI, é justamente desenhar experiências que despertem esse tipo de movimento. Porque, no fim, aprender é isso: transformar-se para agir diferente.
Resumindo...
1º - Aprender exige ressignificar
Adultos aprendem quando conectam o novo com o que já conhecem — e, para isso, precisam reorganizar suas ideias. Esse processo exige mais do que memorização: envolve interpretação, contexto e afetividade. Quando o colaborador entende por que e para quê aquilo faz sentido em sua realidade, a transformação começa.
2º - Toda mudança de comportamento começa com um incômodo
Como dito, mudanças encontram resistência — e isso é natural. Um bom treinamento precisa tocar no ponto certo: gerar desconforto positivo, despertar reflexão e criar espaço para que o sujeito perceba sua própria evolução.
3º - Treinar é criar experiências que convidam à ação
Cursos corporativos precisam deixar de ser momentos isolados e passar a ser experiências real, onde o colaborador percebe que percebe de imediato, os benefícios práticos do que está aprendendo, seja para melhoria do seu processo operacional, seja para o desenvolvimento da sua carreira e/ou vida pessoal. Quando o conteúdo é apresentado com contexto, interação e prática, muita prática, a mudança se torna possível.
4º - Aprendizagem só se mede quando muda a prática
O verdadeiro indicador de sucesso de um treinamento não é, apenas, o número de vídeos assistidos. Mas principalmente, o que o colaborador passa a fazer de diferente depois disso, as melhorias nos procedimentos, o desenvolvimento de carreiras e por aí vai.
Toda aprendizagem provoca mudança... e se não provoca, o que há de errado?
Se um treinamento não transforma, ele apenas ocupou tempo. E esse é justamente o dilema de muitos times de RH e Treinamento: investir energia, orçamento e tempo em iniciativas que, no fim, não geram mudança real no comportamento dos colaboradores. A frustração de ver um conteúdo tecnicamente impecável ser ignorado na prática é mais comum do que se imagina.
Mais do que ensinar técnicas, precisamos provocar significados. Criar conexões emocionais com o conteúdo. Porque só assim o aprendizado gera impacto, e só assim a educação corporativa cumpre seu papel. Transformar não é opcional: é o único caminho para que o conhecimento se torne ação.
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